Transportadoras estão enfrentando dificuldades para contratar motoristas. Por isso, caminhoneiros estão voltando para a sala de aula em busca de qualificação para aumentar o salário e crescer na profissão. Para entrar no mercado de trabalho, é preciso atender uma série de exigências.
O problema tem sido a baixa procura pela profissão. Para o caminhoneiro Adalberto Pereira, que tem 39 anos de estrada, é preciso ter paixão. Segundo ele, antes os filhos seguiam o mesmo caminho, o que garantia a continuidade do trabalho, mas isso não acontece mais. “É uma profissão muito difícil, muito tempo longe de casa, estradas ruins e falta de segurança. Para dirigir caminhão tem de ter paixão realmente”, afirma.
E tem que ter muito mais que isso, precisa ter qualificação. É por isso que as transportadoras de todo o país estão à procura de 40 mil caminhoneiros. Falta gente disposta a enfrentar mudanças nesta profissão nos últimos anos.
A mais recente é a que obriga uma parada de 30 minutos a cada quatro horas, além de 11 horas de descanso entre uma jornada e outra. A medida criada para proteger os próprios motoristas tem desestimulado as contratações. “O motorista fica muito tempo na estrada porque precisa deste tempo de 11 horas parado. E há dificuldade dos profissionais ficarem este tempo parado, não há lugar para eles descansarem”, diz o diretor do sindicato de empresas de transporte, Kagio Miura.
O reflexo destas exigências está nas transportadoras. Em uma de Rio Preto-SP tem 50 caminhões parados, por falta de gente qualificada para trabalhar. “Se vier um motorista qualificado aqui procurar emprego, ele é registrado e saí para a estrada no mesmo dia”, afirma o dono da transportadora, José Oswaldo Lopes.
A super safra de grãos e o início da colheita da cana no mês que vem estão tornando ainda mais disputados os bons profissionais. E esta busca pelo motorista ideal faz o salário subir. “Tem motorista que ganha muito mais do que gente que tem diploma. O salário chega a R$ 4, a R$ 5 mil”, diz Miura.